terça-feira, 17 de junho de 2008

Peito de frango com manga e castanhas de caju

MVC-779S Esta receita foi inventada pela Paizinha, a minha empregada querida e adorada.

Nascida e criada no povoado onde fica a minha fazenda, as únicas coisas que ela sabia fazer quando eu cheguei eram arroz branco seco, feijão e qualquer coisa na panela de pressão, que podia ser carne de vaca, porco, franco ou até peixe (pasme-se). Achava que o forno era para guardar panelas e que batatas serviam para temperar.

Sete anos depois, cozinha melhor que eu. Eu trouxe as receitas e a experiência; ela juntou a arte e o dedo para o tempero. O arroz de pato dela é dos melhores que já comi, apesar de a receita ser da minha família. Faz tête d'achar à alentejana como eu nunca provei, e é coisa que ela nunca tinha visto antes de eu chegar. Caldeirada, arroz de marisco, peixe assado no forno, batatas a murro, bacalhau com broa de milho, etc. Tudo fica divino nas mãos dela.

Apresentei-lhe o azeite, a banha tirada da barriga do porco, a manteiga, as natas, a pimenta preta, os orégãos, o açafrão, o tomilho, o estragão, o alecrim, os poejos e a hortelã da ribeira (trouxeram-mos de Portugal e cultivo-os na minha horta), as sementes de coentros, o gergelim, o gengibre e mais mil ervas - das quais ela só conhecia a cebolinha, da qual só aproveitava a rama e estragava o melhor.

Apresentei-lhe também a estranha combinação entre doces e salgados, ou como usar bebidas alcoólicas num prato de carne ou peixe, como o patê da Kika, que a fascinou; como fazer arroz sem ser branco e seco, o que a deslumbrou; como fazer pão em casa, mil vezes melhor que o que se compra por aqui; mayonnaise, molho inglês, molho de soja, tahine, massa de pimentão, bacon, toucinho; sobremesas sofisticadas, mousses de chocolate e de frutas, mil-folhas, profiteroles, chiffons, tartes. Também lhe apresentei os brócolos, a couve refogada em alho (a que ela juntou uns pingos de lima que transformaram para sempre a minha receita básica); o lombo de porco, selado em azeite e recheado com manga, pêssego em calda (ela nunca viu o original) e castanhas de caju, que publicarei aqui um dia destes, etc, etc, etc.

Um dia, cheguei a casa tarde e a más horas. E a Paizinha surpreendeu-me com esta receita, que inventou porque era o que havia no frigorífico. Digam de vossa justiça.

2 c. sopa de manteiga

1 cebola grande picada

500g de peito de frango em cubos

2 c.sopa de farinha de trigo

1 boa pitada de colorau (opcional, pode ser açafrão)

2 cháv. de caldo de galinha

½ cháv. de castanhas de caju picadas

1 c. chá de gengibre ralado

1 molho de coentros picados

2 mangas médias cortadas em cubos

Sal e pimenta preta moída na altura

Refogar a cebola na manteiga até murchar. Juntar os cubos de frango e salteá-los até dourar. Temperar de sal e pimenta e acrescentar o colorau, para dar cor. Juntar a farinha, peneirando, e misturar bem, até os cubos de frango ficarem totalmente cobertos. Juntar o caldo de galinha, a castanha de caju e o gengibre, tapar, e cozinhar em lume baixo por 30-40 min ou até o frango ficar macio. Juntar os cubos de manga, ferver mais 2 min, misturar, salpicar os coentros e servir logo, com arroz branco e uma salada verde.

1 comentário:

MariaV disse...

Acho que vou experimentar, em homenagem à Paizinha.
Bjs